Finalmente.

 Finalmente.

Finalmente eu senti vontade de escrever sobre outra pessoa. Finalmente.

Eu não aguentava mais andar em círculos.


Sempre rolou um interesse, mas muito mais físico do que qualquer coisa. Acho conforme eu amadureço, mais eu conheço aquilo que eu sou e gosto e menos eu me interesso por relações rasas.

Fiquei arrependida de ter perdido a oportunidade, de uma maneira que eu nunca havia ficado (e eu já perdi algumas oportunidades com ele).

E eu não entendi porque eu perdi a oportunidade. Mas eu sonhei com isso. Sonhei que ele cortava as relações comigo porque eu tinha tirado ele do lugar da fila. Porque eu busco tão desesperadamente sentir? Como se existir não fosse o bastante se não estiver doendo?

Sempre rolou uma coisa comigo. A música e a trilha sonora. A trilha sonora dos meus pensamentos, suspiros, imaginação. A paixão é um sentimento muito intenso. Abriria abrirei mão dela?

Ontem fui dormir com um medo que me invadia, como se naquele momento eu fosse ser massacrada, invadida, violada pelo desconhecido. Me senti a pessoa mais sortuda do mundo. Tendo uma relação tão saudável, amigos que eu amo e que me amam, um flerte lindíssimo em Paris e que não precisava ser mais que isso. Pela primeira vez na vida, eu acho que senti que tava bom do jeito que tava. Eu não almejava mais (embora não dissesse não). Minha ansiedade me deu 1 suspiro. 1 segundo de suspiro. Senti a plenitude.

Eu não lembro exatamente o que eu falei pra ele naquela noite. Eu só sei que eu fui ensaiando de casa até o restaurante as minhas palavras. Em inglês, português, espanhol, francês. Coisa que eu só fazia com aquele cara. Me senti leve. Me senti livre. Me senti disposta. Senti borboletas na barriga. Não falei tudo que pensei. Sei lá, fiquei tímida.


Acho que não cheguei mais perto durante a festa, mesmo doida, porque inconscientemente eu sabia que podia dar merda. Mais uma merda. Uma grande merda. Não ia ter vacilo que ia segurar a gente ir mais além. Possivelmente ia ser bem legal. Ou não. Não sei. Sinceramente não sei o que passou na minha cabeça na hora, se é que passou alguma coisa por ela, mas mais um desencontro. Porque será?

Voltei pra casa e sonhei. Sonhei com essa possibilidade, sonhei com o outro garoto, sonhei com ele bravo comigo porque eu tinha tirado o lugar dele da fila. Acordei, arrumei a mala, chorei. Chorei por não entender nada disso. Acho que também chorei de alívio. Ali eu percebi meu psicológico me gritando que ele não teria mais lugar dentro de mim.

Ele sempre foi confortável. Uma pessoa interessante, atenciosa, comunicativa. Mas bem difícil de se conectar e, inconscientemente, eu gosto disso. Não é realmente perigoso. E mesmo assim já não foi perigoso o suficiente?

Fiquei olhando pra ele no sofá naquele dia. Senti que meu coração podia se perder ali. Perigoso. E curiosamente eu não estava afim de ir atrás do perigo. Ele merece mais. Eu mereço mais.

Senti o arrependimento. Pela primeira vez, senti uma conexão. Senti uma abertura. E era isso que faltava pro meu interesse despertar. Fiquei longe. Adorei falar com ele na festa. Ou melhor, escutar ele na festa. Foi a primeira vez que escutei ele falar. Eu estava gostando, mas não sei porque fui embora. Não encontrei essa resposta.

Percebi que ele sentiu também. Rolaram alguns olhares algumas vezes. Eu estava decidida a falar, afinal eu não sou boa em guardar o que eu penso para mim (embora eu ande melhorando). Aconteceu da gente ficar um do lado do outro. Aconteceu do assunto da casa, da mudança, simplesmente chegar. Eu comentei que tava triste porque não ia mais encontrar ele lá. Comentei que foi bem interessante a troca que a gente teve. Comentei que talvez essa tenha sido a razão pela qual eu fiquei distante durante a festa, porque eu senti que, se rolasse, poderia ser algo forte. Você concordou. Não sei se concordou de verdade ou só porque não entendeu nada do que tava acontecendo. Comentei que é fácil beijar por aí, mas é difícil ter uma verdadeira troca / conexão e que até então eu só tinha tido com aquele cara lá. Disse que ele me passa a impressão de ser muito mais do que eu conheço e eu gosto dessa sensação. Contei do sonho, que ele estava bravo porque a gente tinha ficado junto. Essa parte acho que ele não entendeu porque nem eu entendi. Mas ele deu risada. E concordou com tudo que eu disse. Perguntei se ele lembrava da hora que eu falei do meu crush. Se ele sabia de quem eu tava falando. Ele disse que sim. Não sei como a gente falou de são paulo. Falei de desde aí eu gosto dele. Ele disse que não sabia e eu me surpreendi com isso.  Maldito arthur. Não sei porque fico tímida com ele. Ou na realidade, eu sei sim.

Em casa, esperei qualquer coisa. Na ansiedade de que algo acontecesse, mas ao mesmo tempo na tranquilidade da paz de espírito se nada acontecesse. Acho que começo a entender que as expectativas dele eram de que eu fosse atrás. E as minhas, inverso. Rolou uma certeza de que a gente se interessava um pelo outro mas nenhum dos dois deu o primeiro passo. Busquei o olhar novamente e não encontrei. Entendi o recado. Ele subiu, eu fiquei. No dia seguinte, ele comentou que eu poderia ter dormido lá em cima se eu quisesse. Pensei em dizer que não sabia que era opção, mas guardei pra mim. A gente se deu o melhor dos abraços tímidos (poderia ter aproveitado mais) e ele me pediu uma música pra ouvir durante o caminho do trabalho. Agora isso. Com isso, eu perdi tudo.

Eu sou fácil de se encantar :)

- É isso. Eu achei que a música dele estava falando comigo. Mas ele estava falando consigo apenas. Me perdi. Entendi tudo errado. -

Nenhum comentário