E vamos de juntar os pedaços:

 Eu senti o insight nessa última sessão: eu sei porque sinto vontade de me transformar numa bolinha de buraco negro e sumir. Finalmente.

Eu já chorei no colo do meu namorado porque não entendia essa sensação constante de querer desaparecer, me destruir, me anular, simplesmente deixar de existir. Eu nunca tive coragem de pular da janela, mas essa possibilidade nunca desapareceu completamente da minha cabeça. Eu me lembro quando ouvi a notícia de que o Bertrand tinha morrido, se jogado de uma ponte numa crise psicótica. Eu fiquei travada, atônita, bêbada com a notícia por alguns dias. A única coisa que eu escrevi para ele desde sua passagem, foi "eu queria ter a sua coragem".

Eu sinto obrigação de puxar fumo e desaparecer das responsabilidades existenciais sempre que tenho a oportunidade. Se eu não tenho a chance, consigo ficar tranquila alguns dias sem (geralmente 05 dias passam tranquilos e, depois deles, a vontade aperta). Mas, a chance aqui, ela deve ser sempre aproveitada. Não tenho controle sobre essa vontade. Por quê?

Com 18, 19 anos, eu travei de maneira forte: eu não conseguia existir sem imaginar como era interpretada pelos olhos dos outros. Na realidade, isso ainda acontece: sempre que estou com meus pais (principalmente meu pai), inevitavelmente acabo me enxergando como ele me enxerga. Por quê?

Neste ano, a memória da minha 6ª série reapareceu. Eu raramente pensava nela, e neste ano vem sendo uma constante que meu psicológico curte trabalhar e associar eventos. Minha psicóloga chamou a atenção para o fato de eu relatar eventos bastante emocionais com uma "calma" aparente. Eu noto isso, existem fases da minha vida (como a 6ª série) que eu nem me permitia lembrar, quem dirá sentir.

Uma constante na minha existência: a rejeição por ser eu mesma. 

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