Descobri o nome do sentimento.

Sai de casa no sábado dizendo pra Letícia que eu não iria ficar louca naquele dia, pois eu não sabia o que estava sentindo e não gostava de perder o controle quando sentia estar neste estado emocional.

Pois bem. Cumpri o prometido.
Fui, observei, me reservei, senti, analisei.

Cheguei em algumas conclusões.
O sentimento que existe ali é tesão.
A vontade de me mesclar com a música daquela pessoa é muito mais possível e inocente. Mais fácil de lidar. Me joguei.
Anda sendo tão difícil. tão difícil segurar, não entendo porquê. Tão difícil não entender.
Fico presa em looping.

Segurei minha garganta com as mãos uma hora durante o set.
Eu tinha algumas opções de conduta. Acabei escolhendo aquela em que me senti confortável: me afastei, me reservei, fiquei no campo de observação e nem isso, porque eu nem procurei, eu nem observei. Eu fiquei de fora, me mantive lá e gostei de verdade deste lugar.
Deste lugar de observação. Deste lugar de cozinhança.

Nossa parada é bem mais gostosa por fora mesmo.

Um menino.
Um menino que eu gostaria ser o homem gostoso que eu desejo tanto enxergar.
Eu continuo a nadar nessa projeção que criei para mim, mesmo sendo falsa: a ânsia de estar com esse alguém imaginário.

Peguei pra Cristo.
Coloquei todas minhas ânsias, caprichos, impulsos, desejos, entusiasmos, teimosias, atrações, sonhos... Escolhi um objeto.

Foi isso.
O sentimento ele já existia. Eu só, lenta e inconscientemente, escolhi o objeto.

Agora. Agora me deu um certo medo, um certo respeito, do poder desse tal de inconsciente.
Ele desenhou esse cara pra mim milhões de vezes nos meus sonhos. Eu achava interessante que eu acordava mexida, até porque na vida real eu nunca tinha ficado mesmo interessada nele.
Eu fui embora tranquilamente, e nunca olhei para trás.

Espera. Por que ele, por que do nada ele reviveu? Mais forte do que jamais tinha sido?
Aqui pensando, eu penso em algumas razões. Ele me endeusava, ele gostava mesmo de mim, ele queria estar comigo e ele cumpria alguns requisitos meus de desejo (certamente não todos - e nem próximo disso - mas esses alguns aparentemente já foram o suficiente para desenhar essa teia de sentimentos complexos na minha cabeça).


Esse sentimento. Esse sentimento que, por vezes, fica adormecido. É dele que eu estou com medo. É ele que eu sinto que pode engolir meu relacionamento por inteiro. Esse sentimento de desejo, tesão, búsqueda insaciável que só migra, de tempos em tempos, de objeto, de símbolo, de desenho no mundo real de um ímpeto que existe dentro de mim. Essa v
ontade de me reconectar com lados meus dormentes sempre reaparece quando eu estou numa relação. 
Acho que na realidade não estou com medo do outro.
Eu estou com medo de mim.

Por isso me consome por inteira.
Por isso não sai da minha cabeça, não me deixa dormir.
Por isso me completa, me arranca suspiros e soluços.
Porque ela existe dentro de mim.
Não é do outro. É meu.
Essa necessidade mora em mim.

Estou em pânico de largar esse lugar de busca.
Acho que é isso.
Ele veio pra me desenhar como buscar é gostosinho. 
Buscar com alguém que - pode ser que seja - uma brincadeira inocente.
Ele não é o objeto de desejo. Ele é o meio de realização.

Pesado.


E agora a pergunta que não cala:

Eu quero o que eu desejo?

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