"A inteligência capitalista" - tá, mas peraí, o que seria isso? Inteligência não é só inteligência e pronto?
Eu aqui fazendo uma prova de uma matéria que assisti no máximo 4 aulas, tendo recebido a notícia de que meu irmão se formou o melhor da turma em Engenharia, sucedendo esse feito da minha mãe, que foi laureada nas duas faculdades que fez (formada aos 20 anos em farmácia e depois aos 24 anos em administração) e do meu pai, primeiro lugar ao entrar na terceira turma de medicina da UEL. E eu fico pra trás, mas não muito, nunca dei meu máximo e sempre fiquei entre os 03 primeiros da turma - tanto na hora de entrar, quanto na hora de sair.
E esse pessoal todo, com essa cabeça toda, são os mais inteligentes do rolê, será mesmo?
Meu pai nunca teve ideia de que existia qualquer outra coisa na vida além de mostrar inteligência, capacidade, habilidade, ser fodão intelectualmente. Nunca imaginou que pudesse existir qualquer outra frente da inteligência e capacidade humana que não fosse aquela estudada nos livros, passada pelo mestre (homem-branco-cis-hétero-rico), como por exemplo qualquer coisa emocional, tátil, de palavras, de gestos, de expressões. De paz. De entendimento, de contentamento, de simplesmente ser.
O ter que aprender, ter que estudar, ter que ser mais e mais e mais e mais e melhor, sempre me rondou, nunca deixou com que eu pudesse ler um livro na rede em paz, nem mesmo em dias de férias. Eu poderia sempre estar estudando mais, aprendendo mais, me profissionalizando, aumentando meus skills e barra de vida do mortal combat da vida. Enfim, a hipocrisia: aos 28 anos me encontro "desempregada" (entre aspas mesmo, porque os bicos estão sempre aqui, eu poderia fazer deles um emprego "sério", mas o problema não são eles, sou eu e minha indecisão, falta de raízes, tête en l'air et tout ça que on connaisse déjà).
Fui sempre a melhor aluna da minha sala. Melhores notas. E aqui ainda estou: indecisão, medo, insegurança, perdida, nadando às vezes contra, às vezes junto da maré da vida.
Eu fui a única da família que olhou para além da inteligência dos livros. Eu me peguei dizendo "maneiro, mas mesmo sabendo disso tudo, sou uma puta infeliz", "maneiro, mesmo tendo todo esse poder de compra, meu ser ainda só queria star morto". Eu descobri as pessoas mais inteligentes, os modelos da minha história, me comentando sobre e cometendo suicídio, esse cara com quem flerto desde os meus 19 anos (mas os ímpetos físicos começaram aos 16 e os inconscientes - que eu possa me lembrar - aos 13 anos).
E daqui então minha indecisão com a carreira acadêmica. Beleza, era só isso meso, aquele abração. Agora vou voltar pra minha prova de psicopatologia infantil - aquela matéria que coloca toda e qualquer existência diferenciada ou simplesmente não padrão da existência infantil em um protocolo de doenças e desajustes psíquicos. Abração.
/edit - é mesmo tão errado que eu não queira estar falando, pensando, estudando, analisando fatos acerca ou que culminem o suicídio?
Sabe..
Tive que lidar com esse sentimento a minha vida inteira, TODOS OS DIAS acordar sem saber para que estar vivo, só desejando estar fazendo qualquer coisa que me tire dessa realidade, dessa vida, dessa existência. E eu escolho olhar pra isso de perto? Sim, mas tem dias que não. E agora mesmo, é um desses dias que: não. Eu só quero passar meus dias esquecendo que o suicídio me ronda. Que eu já desisti muitas e inúmeras vezes, que eu não compreendi o existir por centenas de existências e que o suicídio é SIM uma alternativa real, palpável, existente. Eu vivi isso - mil vezes - eu sonhei com isso, eu desejei por isso, eu cheguei a odiar aqueles que não pensavam nisso como se estar aqui no mundo existindo tranquilamente fosse a coisa mais NORMAL???!!!??? do mundo?????????? COMO VOCÊS CONSEGUEM? Estar JOGADOS num mundo, numa existência TENSA, nojenta, podre, dia após dia, vivendo, sendo, vendo inconstâncias, sofrimento, morte, dor, doença, e VIVENDO FELIZ TRANQUILAMENTE - EU AMO A VIDA - A VIDA É MARA......???????????????????
Na moral. Agradeço ao dia que o yoga entrou na minha vida, pois foi instrumento de (tentativa de) reconciliação com meu existir, com meu ser no mundo, com meu estar viva. Nem sempre é fácil, os dias são mais difíceis do que tranquilos. Mas seguimos, e seguimos VIVAS.
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