Não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro.
Estou desorganizada porque perdi o que não precisava?
É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Mas e agora? estarei mais livre?
Por que não tenho coragem de apenas achar um meio de entrada? Oh, sei que entrei, sim. Mas assustei-me porque não sei para onde dá essa entrada. E nunca antes eu me havia deixado levar, a menos que soubesse para o quê."
Eu não sou.
Na verdade, nunca senti que algum dia fui.
Andava tentando entender o vazio
De ser exatamente o que todos somos:
{ }
Exemplos nítidos
A mutabilidade
Da minha aparência
Das minhas feições
Do meu ritmo
Da minha fala
Do meu pensamento
Das minhas conclusões
E logo, desconclusões
Fazem parte do ser exatamente o que eu sou:
Não ser.
Se até o Universo,
Criador de tudo
Constantemente não é,
Com sua diária e inscontante mudança,
Como eu
Uma simples partícula de experiência cósmica
Uma simples explosão química
Uma consciente curiosidade
E vaga experimentação humana
Não seria mutável?
E não seria apenas aceitando o meu não ser
Que eu finalmente
Poderia enfim
Ser?
Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive.
Se eu me confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser - se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele."
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